domingo, 7 de agosto de 2011

Poesia: Caleidoscópio



Caleidoscópio




Tal qual um caleidoscópio, sinto-me

Miscigenada de intermináveis cores

Cores de chuviscos flamejados

Cores que sobem e descem

Cores aqui e cores ali

Cores que brotam

Desbotam

Cores...


Cores...

Cores vivas

Cores dissolvidas

Cores que se ramificam

Cores que se multiplicam

Cores harmônicas movimentadas

Cores simétricas partidas, refletidas

Cores, translúcidos matizes de eternos fulgores


Cores envidraçadas, suavemente combinadas

Cores, beleza de padrões indecifrados

Cores de bailados deslumbrados

 Cores de leveza pura e clara

Cores doces, formosas

Cores alegres

Cores...



Cores...

Cores pálidas

Cores desvanecidas

Cores cintilantes, embaciadas

Cores cândidas, inofensivas e plácidas

Cores peroladas, alvas, branqueadas de prata

Cores negras, sombrias, foscas e de ébano enegrecidas

Cores lívidas, descoradas, apagadas, acinzentadas e tristemente

morridas



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2 comentários:

Almir Marcolino Tavares, disse...

A poesia e uma obra de arte no conteúdo e na forma.
A autora foi muito hábil em construir na forma de duas ampulhetas coloridas, pena que as linhas não foram postadas em cores variadas, pois assim refleteria melhor um caleidoscópio.
O conteúdo fala das nossas mudanças: um dia alegre, outro triste. De modo muito feliz isto é expresso na linguagem das cores.
Nossa vida é assim,composta de cores. Alguns dias estou em cores bem vivase vibrantes, outros os tons são cinzas e tristes.
Em nossas vidas há cores que brotam e desbotam. Ah, como isso acontece! Algo que começa brilhando, depois vai perdendo a cor, e muitas vezes sobra apenas uma lembrança pálida do que foi.
Refletimos eternos fulgores sim! Pois, criados à imagem e semelhança de Deus, há em nós matizes desta eternidade, que agora estão manchados por nossa pecaminosidade e esmaecidos por nossa desobediência. Mas mesmo assim ainda refletem tons da eternidade, embora de modo distorcido.
Só aproximando-se da Fonte podemos renovar a beleza e vivacidade destas cores.
Muitos padrões de cores são indecifrados sim! Não compreendemos agora. Apenas admiramos ou não gostamos, mas como telas inacabadas ainda não entendemos como as cores se encaixam. Um dia tudo ficará claro, a obra de Deus em nós estará completa.
Penso que o fim da poesia poderia ser mais alegre. Pode ser que reflita o momento da composição. Mas, o sol voltará a brilhar e as cores serão vistas de outra perspectiva.
É poema para se ler repetidas vezes. Ela é daquelas obras que cada vez que for lida nos mostrará novos matizes.
É um verdadeiro caleidoscópio.

Janete Maia disse...

Resposta:

Sou privilegiada por várias razões: Tornei-me filha de Deus; Tenho um filho amado e que me ama; Tenho amados irmãos, tanto de sangue quanto de fé; Tenho amados amigos.
Você é irmão-amigo, amigo-irmão que tem me motivado a prosseguir nesse caminho colorido da vida, mantendo a fé de que um dia, estaremos no caleidoscópio celestial, compartilhado das melhores, mais deslumbrantes e perfeitas cores.

Obrigada por decifrar e traduzir este poema de forma tão especial. Acredito que ninguém faria melhor, pois você soube de maneira singular expressar com lirismo, sensibilidade, racionalidade e responsabilidade, trazendo para o contexto bíblico a necessidade vital do nosso ser: Reconhecer que somos a imagem e semelhança de Deus, manchados pelo pecado e esmaecidos pela desobediência.
Obrigada!

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