Hospital São Paulo
De
leito em leito
Uma vez por
semana, a paulistana Edna Maria Molnar, 54 anos, passa o dia no Hospital São
Paulo, na capital paulista. Percorre quartos, enfermarias, corredores,
berçários, emergências e unidades de terapia intensiva. Voluntária há 15 anos
da capelania evangélica que atua no hospital, Edna leva aos doentes e
acompanhantes palavras de confiança e consolo, um abraço, um toque, ou faz
preces com quem lhe pede. “Convivi com pacientes que se recuperaram de comas e
também com aqueles que não sobreviveram, mas viveram seus últimos dias de
maneira serena”, conta Edna.
O pastor batista
Antonino Pinho Ribeiro, autor do livro Há Graça no Sofrimento?, coordena a
Capelania Evangélica do Hospital São Paulo desde sua criação, há 21 anos. O
serviço atua em conjunto com a direção médica da instituição, prestando
assistência espiritual, emocional e social a pacientes, familiares e
funcionários, respeitando a individualidade de cada um, sem distinção de credo,
raça, sexo ou classe social. “Os voluntários são treinados e não podem ter
posição religiosa extremada, que possa comprometer o trabalho”, destaca o
capelão. “Graças ao acompanhamento e atenção dos voluntários, muitos pacientes
ficam mais tranquilos e respondem melhor ao tratamento”, atesta a
fisioterapeuta Jaqueline Spoldari Diniz.
No Instituto de
Infectologia Emílio Ribas, de São Paulo, as capelanias católica, evangélica e
espírita conduzem atendimento semelhante. Diariamente os voluntários visitam
pacientes nos leitos e dão apoio a familiares. Morador de Boituva (SP), o aposentado
Sílvio Ribas Sobrinho integra o grupo há 21 anos. “Quem não tem espírito de
família, de cuidar do outro, não permanece no serviço, em que mais de 70% das
pessoas internadas são portadoras de HIV, condição ainda carregada de estigma e
preconceito”, conta.
Coordenador dos
três serviços de assistência religiosa oferecidos no Emílio Ribas, que inclui
participação nos comitês de ética em pesquisa, humanização e cuidados
paliativos, o padre João Inácio Mildner explica que a missão é dar força ao
doente para enfrentar seu problema de saúde. “Por meio da amizade que
desenvolvemos, trabalhamos para ajudá-lo a se recompor e para conscientizá-lo
de que é agente de seu tratamento”, ressalta o religioso, que admite muitas
vezes sentar-se ao lado dos voluntários para chorar a perda dos amigos que
fizeram ao longo da jornada no hospital.
A assistência
religiosa é assegurada pela Constituição e pela Lei 9.982/2000, que garantem
aos religiosos o acesso aos hospitais públicos e privados. Suas atividades
devem obedecer a normas internas de cada instituição. A capelania hospitalar no
Brasil começou em 1858, com os católicos, para atendimento a feridos de guerra.
Estima-se que o serviço seja mantido em apenas 30 hospitais brasileiros.
Fonte:
Revista do
Brasil - Edição 66 - Dezembro de 2011
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